sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Se eles abrem a porteira lá, vai ter de fechar aqui


Conforme largamente anunciado, o Fed inundou a praça com mais US$ 600 bilhões. Se é muito, se é pouco, se é certo, se é errado, são temas a desenvolver. O que não deixa dúvida é que economias como a brasileira serão afetadas e terão de reagir.

A avalancha de dólares que se imagina tenderão a ser aspirados pelo mercado brasileiro não deixa de ser um estímulo forte à correção mais acelerada de problemas estruturais. Mas a constastação de que é preciso empreender uma limpeza do campo para uma redução consistente da taxa de juros não conflita com a adoção de medidas de emergência para evitar crises agudas.

Do lado estrutural é mais do que hora de promover ajustes fiscais, aprimoramentos no sistema de metas de inflação, faxinas no mercado financeiro – rigidez da remuneração dos depósitos de poupança e LFT, estas últimas zumbis muito vivos do velho overnight -, reorganização dos estatutos de defesa comercial e programas de política industrial visando à competitividade.

Já as medidas de emergência devem obedecer ao ritmo ditado pela ação e do Fed – e de seu espelho refletido, a China. Simples: eles abrem a porteira lá, a gente fecha aqui.

Resta torcer para que a economia mundial não chegue num ponto de salve-se quem puder. Infelizmente, este ponto não está muito longe.


(José Paulo Kupfer ) Estadão 05/11/10)

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